Quem dera, preta.

Quem dera preta fosse dona. Dona de ser a preta que a raiz demanda ser, dona de ser a preta que o estado ainda custa entender, dona de ser amada, mas que muitas vezes é recusada, abandonada.

Preta que luta, vai a luta e não se cansa. Quem dera fosse essa preta a que comanda e não a que recebe ordens de quem manda.

Preta que resiste, não de hoje, de sempre. Preta essa que sonha, sonha poder ver o gingado de sua dança afro brasileira respeitada por toda a nação que te rodeia, mas que logo perde a esperança.

Quem dera pudesse a preta contar a história de seu passado, quem dera pudesse a preta chegar a esse cargo.

Preta, lute mais, preta.

Sei que cansada está, mas de longe é possível enxergar o quão alto é seu patamar. Preta, chame as irmãs e vá em busca dos direitos que lhe foram tirados.

Preta, lembra que do teu lado, ainda que também um pouco cansado, existe um passado que precisa ser contado.

Não se contente com "quem dera pudesse a preta" ou "quem dera fosse a preta" porque você, preta, pode. Você, preta, é.

Preta, mostre ao mundo sua capacidade, mostre ao mundo sua realidade. Preta, seja como for, saiba que faz parte de uma nação de puro esplendor.

Preta não desesperada, pois sabe que por outras é amada. Preta que nunca se cala.

Preta que grita e que não se deixa abater. Levante a cabeça, preta, o mundo ainda precisa te entender.