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Geração tombamento: a militância de aparências.


Navegando nas redes sociais, é fácil perceber que existem algumas pessoas que estão causando impacto na internet. A cor e volume do cabelo, a roupa chamativa e alternativa e as frases de efeito são características próprias da dita geração tombamento. Essa geração tem estimulado a construção argumentativa sobre todo esse contexto, e por esse fato, hoje, abordaremos os pontos positivos e negativos desse tombamento.

A autoestima do povo negro não é um aspecto que é trabalhado desde a infância. Muitas histórias – que se repetem – carregam o peso da não identificação enquanto pessoa negra.

Viver em uma sociedade onde os negros pouco são inseridos e ter sempre como base a estética branca (cabelos lisos, traços finos, etc.), acaba por estimular pensamentos negativos em relação a ser negro, por não fazer parte do padrão estético social. Nesse ponto, a geração tombamento tem feito um trabalho muito bonito, pois é perceptível o crescimento do número de pessoas negras que estão aceitando a sua estética, que estão assumindo seus cabelos naturais e que, além disso, causam impacto, pelo fato de não se aceitarem de uma forma simples, mas sim, de uma forma que afronta.

Esse afrontamento é notável nos cabelos crespos e cacheados coloridos, nas roupas com combinação de estampas diferentes e nas frases de efeito que sempre – ou quase sempre – estão presentes em seus posts, como: “nós por nós”, “Ubuntu” ou “em terra de chapinha, quem tem cachos é rainha”.

A problemática acontece quando a aparência tem maiores proporções do que as pautas do movimento de fato.

É preciso lembrar que “tombar” não significa empoderamento. Empoderar é dar-se o poder e esse poder não se limita apenas em roupas diferentes, ao cabelo ou pelas frases feitas, vai muito além disso. O estudo das pautas do movimento – e não só sobre o movimento – permite que o poder para si próprio construa aos poucos as suas formas.

O conhecimento é a chave principal para a militância. Ele possibilita a transação de uma pessoa para outra, ou seja, aos poucos todos o obtém. Além disso, a prática daquilo que se milita é importante, pois, assim, a militância fará real sentido. Apenas estudar não faz com que o empoderamento seja completamente realizado se ele não for passado adiante.

Outro aspecto que a geração tombamento proporciona é a invisibilidade das pessoas negras que não se inserem nessa geração.

A internet não chega na casa de todos e a geração tombamento atua no meio virtual. Para um jovem negro, que vive na periferia e não tem acesso a internet, não se sabe nem o que significa geração tombamento e muito menos as pautas de movimento negro ou movimento feminista negro. Por isso é preciso sair da zona de milhares de curtidas e aplicar o conhecimento sobre a cultura negra nos espaços em que a informação não chega.

Com isso, vem a questão das frases feitas: o “nós por nós” é direcionado para quem? Para a “mana” negra, “empoderada”, que assume seu cabelo natural, que usa roupas alternativas e que tem milhares de curtidas em suas fotos? Ou para a “mana” negra, que não tem acesso a informação, que alisa o cabelo – e que não sabe o motivo de alisá-lo – e que passa pelas opressões raciais e não a enxerga?

Não existe uma fórmula que explica como deve atuar na militância, mas existe o bom senso que nos faz entender que: é bom aceitar a própria estética, exibir para todos o quão lindo é o cabelo crespo e cacheado e receber várias curtidas nas redes sociais, mas é importante ter conteúdo, saber problematizar sobre as pautas que o movimento carrega e além disso, passar esse conteúdo adiante.

Não basta ser como uma embalagem linda de um presente, mas não ter um bom presente por dentro, se for para ser uma embalagem linda por fora, que tenha um presente maravilhoso por dentro.

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