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O peso do empoderamento: mulheres negras e a representatividade


Ilustração: Pipa Azul.

Em meio a tantos espaços de comunicação, é fato que as mulheres negras se encontram em escala inferior quando o assunto é representatividade. Pouco estamos nas capas de revistas, na televisão, nas propagandas. E tudo se complica ainda mais quando queremos encontrar alguém nesses meios para nos espelhar: as dicas de moda não nos representam, as maquiagens não respeitam o tom de nossa pele, os assuntos não nos englobam. Então, cabe a nós sermos o ponto de representatividade, mas essa é uma tarefa que poderia ser simples, mas infelizmente, se torna cansativa.

Pela falta de visibilidade, as mulheres negras militantes, muitas vezes se sentem na cobrança de serem representatividade para as outras mulheres, por estas ainda não possuírem o conhecimento da militância que se adquire com o tempo e vivência. Essa cobrança se torna de fato um ato cansativo devido à grande responsabilidade que elas mesmas exigem de si. Além disso, existem terceiros que colocam em prática o estereótipo de “mulher negra militante” e em decorrência disso, pensam que as mulheres negras devem estar dispostas a todo momento para problematizar e debater assuntos do movimento, sem levar em consideração as circunstâncias em que estas mesmas mulheres desejam exercer o papel de ser quem são, sem considerar a pratica de sua luta.

A mulher negra possui uma luta diária, sendo ela militante ou não. A todo momento estamos resistindo e essa resistência não é fácil de lidar. Passar a imagem de uma mulher forte – mesmo que este tenha sido o papel que nos foi socialmente imposto - nem sempre será uma tarefa com um resultado positivo, existem os momentos de queda e a falta de uma representação nos meios de grande acesso dificultam ainda mais essa missão.

É constante a excessiva cobrança da didática negra em relação a todo tipo de situação, cobranças estas que por vezes obrigam a problematizar tudo aquilo que se relaciona ao movimento feminista negro. Às vezes, nós, mulheres negras, não queremos problematizar aquilo que até pode estar nos ofendendo no momento. Às vezes, pelo fato de grandes responsabilidades que nós possuímos diariamente, queremos apenas distância do meio da problematização. Devemos parar e pensar que cada uma de nós não somos responsáveis pelo empoderamento da próxima, mesmo que isso seja de extrema importância, nós somos responsáveis pelo empoderamento próprio, ainda que não haja representatividade em todos os meios de comunicação.

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